A nutrição é uma área repleta de correntes de pensamento divergentes, em que existem várias formas de atuação para um mesmo objectivo. A Dieta Paleo é um desses exemplos. Indo contra muitas das típicas recomendações de uma alimentação saudável, tem vindo a ganhar cada vez mais seguidores nos últimos tempos.
A Dieta Paleo, ou dieta do paleolítico, baseia-se nos princípios de alimentação do homem desta era pré-histórica, permitindo o consumo de alimentos que estavam disponíveis na altura e restringindo o consumo de alimentos que se caracterizam por serem industrializados ou muito manufacturados. Comparativamente à alimentação dos dias de hoje, apresenta maior ingestão de proteína e menor ingestão de hidratos de carbono. Incluindo fruta, bagas, tubérculos, raízes e legumes, é mais rica em fibra, vitaminas e minerais que a alimentação típica dos dias de hoje.
Com os estudos recentes, que referem que as dietas low-carb (com níveis baixos de hidratos de carbono) e ricas em proteína apresentam vantagem no controlo e perda de peso, bem como no melhor controlo dos níveis de glicémia em diabéticos, com melhoria dos valores de colesterol, a Dieta Paleo tem ganho uma maior relevância a nível nutricional.
Constituem a base da Dieta Paleo a carne, o peixe e o ovo. O segundo grupo mais consumido é o grupo dos vegetais, raízes e tubérculos (excluindo a batata), sendo o terceiro grupo mais consumido a fruta, com um consumo máximo de 2 porções diárias, e o último grupo os frutos oleaginosos, as sementes alimentares e as gorduras, principalmente o azeite e o óleo de coco. É permitido o consumo de chá e de café, mas em quantidades limitadas, privilegiando-se o consumo de água.
Desta forma, é excluído o consumo de quaisquer cereais e derivados (pão, bolachas, cereais de pequeno-almoço, bolos, farinhas, massas, etc), embutidos, batata, leguminosas, margarina, lacticínios, açúcar e fontes açucaradas e álcool.
Assim, verificam-se as seguintes características nutricionais, associadas a esta Dieta:
- Rica em fibra, proveniente dos legumes, fruta, tubérculos, frutos oleaginosos e sementes;
- Rica em proteína, devido ao consumo exacerbado de carne, peixe, ovos e frutos oleaginosos;
- Rica em ácidos gordos polinsaturados, pela ingestão abundante de peixes gordos, frutos oleaginosos e sementes alimentares;
- Rica em gorduras monoinsaturadas, constantes no azeite, óleo de coco e abacate;
- Abundante em antioxidantes, provenientes das bagas, fruta, legumes, frutos oleaginosos e sementes;
- Pobre em hidratos de carbono de absorção rápida;
- Pobre em sódio;
- Isenta de glúten e lactose.
Apesar das características enunciadas serem indubitavelmente vantajosas, há algumas questões que constituem desvantagens no seguimento desta dieta. Nomeadamente:
- A restrição de fontes alimentares cujo consumo se encontra enraizado nos hábitos alimentares da população portuguesa, nomeadamente o pão e os lacticínios;
- A abstenção de várias fontes de hidratos de carbono complexos;
- A diferença que implica, principalmente, ao nível das refeições intermédias;
- Os condicionalismos que pode provocar na vida social, não só no tocante à alimentação fora de casa, como também a nível de estigmatização por parte da restante sociedade.
À semelhança de quaisquer outras alterações a nível alimentar, o importante é sentir-se à vontade e manter-se saudável. Pratique exercício e vá consultando o seu médico, fazendo check-ups de rotina.