Dieta DASH para Travar a Hipertensão

Dieta DASH para Travar a Hipertensão

A dieta DASH deve o seu nome à sigla inglesa “Dietary Approches to Stop Hypertension”, o que traduzido à letra, em português, significa Abordagens Dietéticas para Travar a Hipertensão. A dieta DASH, criada nos Estados Unidos da América pelo “National Heart, Lung, and Blood Institute”, foi desenvolvida especificamente para pacientes hipertensos, de forma a prevenir e reduzir a hipertensão arterial através da alimentação. Trata-se de um regime alimentar saudável e cientificamente reconhecido, que, além de benefícios na hipertensão, favorece a perda de peso, a diminuição dos níveis de mau colesterol e de triglicéridos e o aumento do bom colesterol, pelo que qualquer pessoa que adopte as orientações da dieta DASH  estará a seguir um estilo de vida saudável.

 

A Hipertensão arterial

A hipertensão arterial, definida como elevada pressão arterial (força do sangue contra a parede das artérias), está presente em 1000 milhões de indivíduos, sendo que a prevalência aumenta com a idade. O diagnóstico da doença é feito quando se regista uma pressão arterial sistólica (“máxima”) igual ou superior a 140 mm Hg ou uma pressão arterial diastólica (“mínima”) igual ou superior a 90 mm Hg, em pelo menos duas medições.

Entre os factores de risco  para o desenvolvimento de hipertensão, destacam-se a história familiar de hipertensão, idade, obesidade, diabetes, elevada ingestão de sódio (sal), consumo de álcool e gorduras, baixa ingestão de potássio e cálcio, stresse, sedentarismo e hábitos tabágicos. A hipertensão é um importante factor de risco cardiovascular, pois favorece o endurecimento das paredes das artérias (aterosclerose), podendo, ainda, ser causa de lesão renal irreversível (insuficiência renal), hemorragia cerebral, enfarte agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca e retinopatia.

O objectivo do tratamento dos doentes hipertensos é manter níveis tensionais abaixo de 140 / 90 mm Hg, enquanto concomitantemente se controlam outros factores de risco modificáveis.

 

História da Dieta DASH

A dieta DASH foi resultado da chamada experiência DASH, que consistiu num estudo científico  com a finalidade de avaliar os efeitos de três padrões de dieta sobre a pressão arterial. Teve a duração de 8 semanas, sendo os participantes 459 adultos com pré-hipertensão e hipertensão ligeira. Um primeiro grupo seguiu uma dieta controlo, similar aos hábitos alimentares americanos; um segundo grupo foi sujeito a uma dieta rica em frutas e vegetais; um terceiro grupo seguiu uma dieta rica em frutas, vegetais e lacticínios magros, reduzida em gordura. O consumo de sódio para os três grupos foi equivalente: 8 gramas por dia; a perda/ganho de peso foi igualmente controlado para minimizar os efeitos na pressão arterial.

Os resultados demonstraram que, comparativamente com a dieta controlo (primeiro grupo), os níveis de pressão arterial máxima e mínima foram significativamente reduzidas pela dieta de frutas e vegetais (-2.8 mmHg e -1.0 mm Hg, respectivamente), e foram reduzidas ainda mais pela dieta a que foi sujeito o terceiro grupo (-5.5 mm Hg e -3.0 mm Hg, respectivamente). Em suma, este estudo clínico demonstrou que níveis elevados de pressão arterial podem ser reduzidos com um plano alimentar reduzido em gordura total, gordura saturada e colesterol, e rico em frutas, vegetais e lacticínios magros, característicos da dieta DASH.

Foi realizado um segundo estudo clínico, designado “DASH – Sódio”, que verificou os efeitos de uma ingestão reduzida de sódio sobre a pressão arterial, em indivíduos seguindo duas dietas diferentes: ou a dieta DASH ou dieta típica americana. Os resultados mostraram que uma redução na ingestão de sódio reduz os níveis de pressão arterial em ambas as dietas. No entanto, a redução é mais significativa verifica-se nos indivíduos que seguem a dieta DASH. Conclui-se, pois, que independente do tipo de dieta efectuada, é fundamental uma baixa ingestão de sódio para redução da pressão arterial, sendo que esse efeito é aumentado quando complementar a dieta DASH.

Dada a composição “saudável” da dieta DASH, é fácil identificar a sua semelhança com outras recomendações dietéticas de outros organismos de saúde para uma alimentação saudável, como a pirâmide alimentar e a roda dos alimentos, por exemplo.

 

Efeitos da dieta DASH

Os mecanismos pelos quais a dieta DASH faz baixar os níveis de pressão arterial permaneceram desconhecidos durante algum tempo. Entretanto, novos estudos indicam que este plano dietético promove a excreção de natural sódio, tal como os diuréticos, aumentando a produção de urina. Deste modo, uma dieta rica em frutas, vegetais e lacticínios magros pode actuar com um diurético natural que pode auxiliar muitas pessoas a diminuir a pressão arterial sem recorrer a medicação.

Outros resultados mostram que o impacto da dieta DASH decresce à medida que se reduz a ingestão de sal, facto que sugere que a DASH é mais eficaz na diminuição da pressão arterial em pessoas com maior sensibilidade ao sal.

Ainda se desconhece se os efeitos desta dieta sobre a pressão arterial derivam da quantidade de nutrientes específicos ou da sua combinação. Como referido anteriormente, é uma dieta abundante em potássio e cálcio, dois nutrientes com acção excretora de sódio, mas dado o seu efeito tão expressivo, pensa-se que a redução da pressão arterial se deva, sobretudo, a uma  combinação de factores.

Foi demonstrado que pessoas com hipertensão moderada podem reduzir os níveis de pressão arterial apenas seguindo a dieta DASH. Para quem necessita de recorrer ao uso de medicação anti-hipertensiva, a mesma dieta apresenta-se fundamental no apoio ao controlo da pressão arterial, sendo um complemento da medicação. Acresce que a dieta DASH, além de efeitos substanciais na redução da pressão arterial, também tem influência na normalização do perfil lipídico (colesterol e triglicéridos), com consequentes implicações na redução marcada do risco de doença cardiovascular.

A dieta DASH veio, assim, evidenciar a importância da alimentação na promoção da saúde, prevenção e tratamento da hipertensão arterial. Dietas similares, que incluam elevada quantidade de frutas, vegetais, produtos lácteos magros, fibra, constituem importantes linhas orientadores de políticas de saúde. De referir que a necessidade de desenvolver dietas simples, inovadoras e eficazes, como se revelou a dieta DASH, constituem um dos maiores desafios da actualidade.

 

O plano alimentar DASH

A dieta DASH inclui uma variedade de alimentos que a caracterizam: cereais integrais, carnes magras, peixe, frutas, vegetais, produtos lácteos (magros), nozes, sementes e leguminosas, e é restrita quanto ao consumo de gorduras (em particular, gorduras saturadas e colesterol), carnes vermelhas, doces e bebidas açucaradas.

O exemplo de plano alimentar DASH que se apresenta em seguida é de 2000 Kcal. O número de quantidades diárias de alimentos dos diferentes grupos é variável, dependendo das necessidades energéticas de cada indivíduo.

 

Grupo de alimentos

Porções diárias

Equivalência de 1 porção

Benefícios nutricionais

Grãos e cereais

7 – 8

 

- 1 fatia de pão (30gr)

- ½ chávena de cereais integrais;

- ½ chávena de arroz, massa ou cereais cozidos.

 

Hidratos de carbono e fibra.

Frutas

4 – 5

 

- 1 fruta média;

- 180ml de sumo de frutas;

- ½ chávena de fruta cozida;

- ¼ de frutos secos.

 

Potássio, magnésio e fibra.

Vegetais

4 – 5

 

- 1 chávena de vegetais crús;

- ½ chávena de vegetais cozidos;

- 180 ml de sopa ou sumo de vegetais.

 

Potássio, magnésio e fibra.

Produtos Lácteos

(magros)

2 – 3

 

- 240 ml de leite magro;

- 1 iogurte magro;

- 1 queijo fresco magro

- ¼ de requeijão

- 1,5  fatia de queijo magro.

 

Cálcio, potássio, magnésio e proteínas.

Carne e peixe

2 ou menos

 

-  90 gr de carne magra ou peixe.

 

Proteínas e magnésio.

Nozes, sementes

e leguminosas

4 – 5 por semana

 

- 1/3 chávena de nozes, amendoins, avelãs, sementes de girassol, sésamo, linhaça...;

- ½ chávena de leguminosas secas cozidas.

 

Magnésio, potássio, proteínas e fibra.

Gorduras

2 – 3

 

- 1 c. chá de margarina vegetal;

- 2 c. sopa de molho de salada;

- 1 c. chá de  azeite ou outro óleo vegetal;

- ¼ de abacate.

 

Preferencialmente gorduras mono e poli-insaturadas.

Doces

5 por semana

 

- 1 c. sopa de açúcar;

- 1 c. sopa de doce ou geleia ou mel;

- 240 ml de bebida açucarada.

 

 

Com baixo teor em gordura, sempre que possível.

 

 

 

 

 

 

 

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