Diabetes - Controle-a com a alimentação

Diabetes - Controle-a com a alimentação

A diabetes é uma das doenças mais prevalentes em Portugal. De uma forma muito simplificada, trata-se de uma síndrome metabólica, de causa multifactorial, em que há deficiência na produção ou na qualidade do funcionamento da insulina, uma hormona fundamental para que a glicose (açúcar) passe dos vasos sanguíneos para as células.

 

Pode ter vários tipos:

- Tipo 1, em que a produção de insulina é insuficiente relativamente à quantidade necessária para o normal funcionamento do organismo, pelo que há necessidade de administrar insulina;

 

- Tipo 2, em que o corpo não utiliza a insulina produzida de forma correcta por haver aumento da resistência à insulina. Na maior parte dos casos, não há necessidade de administrar insulina, uma vez que se consegue normalizar a utilização da insulina, se se tiver cuidados a nível alimentar e se se praticar actividade física. No entanto, se não se controlar a diabetes, depois de anos de grande resistência à insulina, o pâncreas reduz a produção de insulina, havendo deficiência desta hormona, à semelhança do Tipo 1;

 

- Diabetes gestacional, que se caracteriza por um aumento da resistência à insulina durante a gravidez. Se for controlada, desaparece após o parto.

 

Os sintomas ligados ao aparecimento de diabetes passam por cansaço extremo, emagrecimento ou ganho de peso, sede além do normal, aumento da quantidade de urina, náuseas, alterações na visão e infecções frequentes. No entanto, há alguns indivíduos diabéticos que não apresentam quaisquer sintomas aquando do seu aparecimento.

 

A diabetes não tratada pode originar uma vasta gama de problemas médicos, tais como cegueira, doença renal, amputação de membros e doenças cadiovasculares. Em relação às doenças cardiovasculares, o risco de aparecimento de doença coronária, de acidente vascular cerebral e de doença vascular periférica aumenta exponencialmente em indivíduos diabéticos.

 

Desta forma, o controlo da diabetes surge como sendo essencial. A melhor forma de manter níveis de glicémia - açúcar no sangue - controlados é ter uma alimentação saudável, manter o peso ideal e praticar exercício físico regular. Em alguns casos, pode haver a necessidade de juntar a estas medidas a toma de medicação, seja através de comprimidos, seja através da injecção de insulina, de forma a controlar a diabetes.

 

Este tipo de patologia exige um seguimento regular por uma equipa multidisciplinar, de forma a conseguir controlar-se os valores da forma mais rigorosa possível. No entanto, deixamos algumas recomendações alimentares úteis para a população diabética, de forma a controlar os níveis de açúcar no sangue, bem como a reduzir factores de risco cardiovascular, como excesso de peso, colesterol e pressão arterial elevados:

 

- Faça várias refeições ao longo do dia, em quantidades moderadas. Não fique mais de 3 horas durante o dia nem 9h durante a noite sem comer;

 

- Evite ingerir açúcar, mel, bolos, doces, compotas, marmelada e outros cremes de barrar doces, frutos secos tipo passas, figos, damascos e etc, pudins, frutas cristalizadas, chocolates, gomas, doces, e outros alimentos muito ricos em açúcares;

 

- Opte por ingerir fruta, mas evite comer mais de 2 a 3 peças de fruta por dia, uma vez que este alimento possui um açúcar natural, que é a frutose, que, em quantidade exagerada, também é prejudicial ao controlo da diabetes;

 

- Faça dos vegetais, legumes e hortaliças a base da sua alimentação. Comece todas as refeições principais com um prato de sopa sem batata nem arroz nem massa, e inclua uma porção bem generosa de salada ou legumes cozidos ao prato principal. Aproveite e inclua-os nas refeições intermédias, quer em palitos, quer descascados, em sumos de legumes… Use e abuse! Lembre-se que a fibra constante neste grupo alimentar é um óptimo aliado para manter os níveis de açúcar do sangue estabilizados;

 

- Modere o consumo de alimentos ricos em hidratos de carbono, nomeadamente: batata, arroz, massa, feijão, grão, ervilhas, favas, lentilhas, soja, pão, bolachas e tostas. A quantidade de hidrato de carbono de prato varia consoante o género, o peso, a altura e a idade, pelo que é importante consultar um profissional, de forma a saber qual é a quantidade indicada para si. O pão deve ser evitado nas refeições principais;

 

- Aumente o consumo de peixes gordos, como a sardinha, o salmão, o atum, a cavala e o arenque, que são ricos em ómega 3;

 

- Evite o consumo de carnes gordas, e retire todas as peles e gorduras visíveis às carnes que consuma;

 

- Tenha atenção ao consumo de ovos: opte por ovos cozidos ou confecionados sem gordura, e evite comê-los fritos;

 

- Retire os lacticínios gordos da sua alimentação, e prefira os magros. Atenção especial aos queijos e iogurtes, que devem ser sempre magros: em ambos os casos, o teor de gordura é bastante inferior nas versões magras destes alimentos, além de que, no caso específico dos iogurtes, as versões magras, em geral, não têm açúcar adicionado, contrariamente às versões normais;

 

- Diminua drasticamente o consumo de manteiga: troque por margarinas ou por queijo de barrar light;

 

- Prefira alimentos cozidos, grelhados, assados com pouca gordura ou estufados em cru, e evite consumir fritos, guisados e outros alimentos confeccionados com muita gordura;

 

- Privilegie o uso de ervas aromáticas, especiarias, alho e limão para temperar os alimentos, diminuindo a utilização de sal de adição;

 

- Utilize azeite para temperar e para cozinhar;

 

- Abstenha-se de ingerir refeições pré-confeccionadas e fast-food;

 

- Eleja a água como bebida de acompanhamento. Retire os refrigerantes da alimentação, pelo seu elevado teor de açúcares. O consumo de vinho deve ser abordado com o médico, visto haver casos em que o seu consumo pode ocorrer, desde que moderado, e outros em que não se deve ingerir vinho por completo;

 

- Beba, no mínimo, 1,5L de água, chás ou infusões não açucaradas;

 

- Tenha atenção ao consumo de produtos próprios para diabéticos, que, muitas das vezes, têm substâncias substitutas do açúcar que lhe conferem o sabor doce e que fazem a glicémia subir. Outras vezes, têm elevados níveis de gordura, promovendo ganho de peso, caso se abuse deste tipo de produtos;

 

- Mantenha-se activo e pratique exercício físico, de forma a controlar os níveis de açúcar do sangue.

 

Aplique os conselhos dados e mantenha-se o mais saudável possível. De qualquer das formas, relembramos que esta é uma patologia que exige acompanhamento por uma equipa multidisciplinar, pelo que, se lhe surgir algum problema ou dúvida, deve dirigir-se a um profissional de saúde.