A variedade mais conhecida e utilizada desta famosa planta originária da América do Sul é designada de Paullinia Cupana Sorbilis, tendo o seu habitat natural na região baixa da Amazónia. Uma outra variedade menos popular (Paullinia Cupana Typica) é também denominada de Cupana Yocco crescendo principalmente na Venezuela. Uma das grandes diferenças macroscópicas entre as duas variedades é a cor dos frutos, que são vermelho vivo no caso da variedade Sorbilis. Esta planta medicinal constitui um importante legado da civilização indígena para a Farmacopeia Tradicional do Ocidente, pois os nativos destas regiões têm uma experiência de séculos na preparação de remédios à base de Guaraná. As suas propriedades energéticas são conhecidas desde longa data encontrando-se relatos desta utilização entre os Maués, sendo tradicional a extracção de uma bebida amarga e tónica para tomar antes de saírem para longas caminhadas ou caçadas, de forma a aumentar a resistência à fome, à sede e à fadiga.
As sementes contidas nos frutos do guaraná são ricas em amido, que constitui aproximadamente 60% da sua composição, existindo ainda outros açúcares e fibras. Entram ainda na sua constituição, taninos e óleos essenciais, mas é sobretudo devido à presença em cafeína (de 3 a 5%) que esta planta se tornou conhecida pelas suas acções tónicas e estimulantes. Este teor em cafeína torna o Guaraná na espécie vegetal conhecida com maior concentração neste pseudo-alcalóide. Apesar de estarem presentes outras xantinas, como a teofilina e teobromina, as quantidades são bastante reduzidas. O teor em cafeína das bebidas e preparadas à base de Guaraná pode ser ajustado com adição de extracto da planta, sendo precisamente neste tipo de produtos que o excesso de cafeína pode trazer alguns inconvenientes para a saúde, pois a utilização regular do pó, quer sob a forma de cápsulas ou em bebida, mantém apesar de tudo uma concentração relativamente baixa. Apesar deste teor ser aproximadamente duas vezes e meia o do café, convém não esquecer que as quantidades consumidas o são em quantidades bastante diferentes.
Assim uma cápsula de 300 mg de Guaraná puro, sem adição de extractos, tem um conteúdo aproximado de 15 mg de cafeína (uma chávena de café contém aproximadamente 100-150 mg da mesma substância).
Por último convém referir que a cafeína do Guaraná é muitas vezes designada de guaranina, sendo esta apenas uma outra designação para esta tri-mentil-xantina. Por este motivo, não deve ser tomado à noite, nem por hipertensos, grávidas, crianças e adolescentes.
Propriedades Medicinais:
Tradicionalmente o Guaraná é utilizado no tratamento de enxaquecas, e dores de cabeça de origem nervosa, nevralgias, perturbações das vias urinárias e diarreia crónica, bem como outras perturbações do intestino. No entanto é como tónico geral e estimulante, físico e intelectual, que o Guaraná é mais popular no Brasil e também na Europa, permitindo recuperar rapidamente de queixas como fadiga, neurastenia e debilidade, estando portanto também indicado em casos de depressão, esgotamento e fraqueza generalizada.
Nos últimos tempos o Guaraná tem encontrado nas dietas e programas de emagrecimento, uma indicação terapêutica que ganha cada vez mais adeptos. A sua utilização nos casos de obesidade e excesso de peso, permite não só uma diminuição do excesso de apetite mas também permite uma sensação energética durante um período de restrição calórica, sendo mais fácil adesão do doente à dieta. A utilização do Guaraná em programas de emagrecimento associa-se também a uma acção lipolitica e incremento do metabolismo energético, permitindo assim um maior gasto calórico, mesmo em repouso.
Na literatura tradicional e nos usos de habituais desta planta medicinal encontra-se ainda a indicação como tónico sexual em casos de impotência, frigidez e diminuição da libido.
Uma nota de advertência deve ser feita quanto a utilização regular desta planta, pois o seu conteúdo em cafeína, aconselha uma certa prudência na sua utilização, podendo contudo ser utilizada sem grandes efeitos secundários por quase todas as pessoas. Convém no entanto que os consumidores e terapeutas estejam advertidos que não deverá ser ultrapassado o limite máximo de 3.000 mg por dia (o que em termos de consumo de cafeína apenas corresponde a 1 - 1,5 chávenas de café). Limiares mais baixos de utilização deverão no entanto ser observados em doentes hipertensos, com patologia prostática, grávidas e crianças adolescentes, situações em que a utilização desta planta não deverá ser recomendada.
Simultaneamente convém recordar que a utilização medicinal tradicional do Guaraná é de uso esporádico e em curtos períodos de tempo, pois o consumo regular mesmo de quantidades moderadas de cafeína pode induzir fenómenos de dependência e habituação. Apesar disto, o Guaraná é uma planta medicinal com virtudes terapêuticas muito importantes e que merece um lugar de destaque no arsenal fitoterapêutico dos nossos dias e que constitui um produto seguro e isento de toxicidade.